branco redentor
da nevoa salgada,
tuas lágrimas
domingo, 19 de dezembro de 2010
sábado, 20 de novembro de 2010
sábado, 9 de outubro de 2010
quarta-feira, 22 de setembro de 2010
AICAI XXXIII
春の草
空気をいっぱいに
過去と赤
homenagem ao verdadeiro estilo haiku, no qual divago, e no qual tentei com as traduções possiveis fazer um na sua verdadeira métrica. Ler-se-à talvez assim em Português:
a relva da Primavera
enche o ar
de passado vermelho
空気をいっぱいに
過去と赤
homenagem ao verdadeiro estilo haiku, no qual divago, e no qual tentei com as traduções possiveis fazer um na sua verdadeira métrica. Ler-se-à talvez assim em Português:
a relva da Primavera
enche o ar
de passado vermelho
quinta-feira, 22 de julho de 2010
quarta-feira, 21 de julho de 2010
quarta-feira, 14 de julho de 2010
insónia
o inevitável e esbatido tecto
a abrasar-me todo o quarto
esforço-me e fecho os olhos
canso-me e abro os olhos
rodo, rebolo, enervo-me
tenho que adormecer
tenho que amanhecer
respiro, expiro, transpiro
tudo, tudo e mais alguma coisa
nada do que penso é sono
sonhos concretos e planos aéreos
que impendem o natural
sono sonhado.
a luz vem já de caminho
o mundo acorda daqui a nada
durmo só um bocadinho
respiro devagarinho
faço a respiração adormecer
deixo os membros entorpecer
seco os ouvidos de ruido
e fico a só comigo
terrivel companhia de mim
que não se cala
e não me deixa dormir
pesados deambulares
estranhos acompanhantes
pormenores insignificantes
acorda, já é tarde
a bexiga está cheia
a cabeça rebenta
o dia já vai a meio.
a abrasar-me todo o quarto
esforço-me e fecho os olhos
canso-me e abro os olhos
rodo, rebolo, enervo-me
tenho que adormecer
tenho que amanhecer
respiro, expiro, transpiro
tudo, tudo e mais alguma coisa
nada do que penso é sono
sonhos concretos e planos aéreos
que impendem o natural
sono sonhado.
a luz vem já de caminho
o mundo acorda daqui a nada
durmo só um bocadinho
respiro devagarinho
faço a respiração adormecer
deixo os membros entorpecer
seco os ouvidos de ruido
e fico a só comigo
terrivel companhia de mim
que não se cala
e não me deixa dormir
pesados deambulares
estranhos acompanhantes
pormenores insignificantes
acorda, já é tarde
a bexiga está cheia
a cabeça rebenta
o dia já vai a meio.
terça-feira, 13 de julho de 2010
absoluto
encontra-te comigo
na palma da mão
da ponte vermelha
que nos faz dois
sorrio-me contigo
no sonho etéreo
da fome cinzenta
que clama inépcia
escondo-me só
no ventre abafado
que apaga o fim
escondo-te sempre
no olhar absoluto
que é parte de mim
na palma da mão
da ponte vermelha
que nos faz dois
sorrio-me contigo
no sonho etéreo
da fome cinzenta
que clama inépcia
escondo-me só
no ventre abafado
que apaga o fim
escondo-te sempre
no olhar absoluto
que é parte de mim
segunda-feira, 28 de junho de 2010
domingo, 20 de junho de 2010
quarta-feira, 16 de junho de 2010
quinta-feira, 10 de junho de 2010
terça-feira, 1 de junho de 2010
sábado, 29 de maio de 2010
Papoilas, de mim.
Das mãos férteis e cansadas
dos olhos salgados e escuros
da boca seca e ansiosa
dos pulmões inquietos e melancólicos
de mim cansado e apagado
não nasce nada
se não papoilas selvagens
de versos vermelhos
dos dedos agitados e sonhadores
do olhar brilhante e atento
do sorriso quente e claro
do coração animado e feliz
crescem rúbeas papoilas
de versos selvagens
dos olhos salgados e escuros
da boca seca e ansiosa
dos pulmões inquietos e melancólicos
de mim cansado e apagado
não nasce nada
se não papoilas selvagens
de versos vermelhos
dos dedos agitados e sonhadores
do olhar brilhante e atento
do sorriso quente e claro
do coração animado e feliz
crescem rúbeas papoilas
de versos selvagens
quarta-feira, 26 de maio de 2010
Sono infinito
Deste vento da madrugada
Nasço rápido como a luz
Para vir cantar ao mundo fresco
Palavras do meu sonho
Descanso breve e pequeno do corpo
Êxtase cansativo da alma.
Sonho num sono silente e sossegado
Sonho só
Sono infinito
Nasço rápido como a luz
Para vir cantar ao mundo fresco
Palavras do meu sonho
Descanso breve e pequeno do corpo
Êxtase cansativo da alma.
Sonho num sono silente e sossegado
Sonho só
Sono infinito
sábado, 22 de maio de 2010
sexta-feira, 21 de maio de 2010
quinta-feira, 20 de maio de 2010
sexta-feira, 14 de maio de 2010
sábado, 24 de abril de 2010
quarta-feira, 21 de abril de 2010
segunda-feira, 19 de abril de 2010
sábado, 17 de abril de 2010
Primavera de flor adormecida
Com o peito a trovejar
chuva a escorrer nos dedos
com a força de mil anos
os olhos perdidos em mim
Os músculos tremem sem medo
com o vento que de ti sopra
abaixo do peito tudo se desfaz
acima do peito respira-se pouco
Esconde-te no teu olhar
arredonda o cabelo na orelha
e sorri daquela maneira antiga
Para que te possa beijar
e parar de engolir ar
para me alimentar de ti
chuva a escorrer nos dedos
com a força de mil anos
os olhos perdidos em mim
Os músculos tremem sem medo
com o vento que de ti sopra
abaixo do peito tudo se desfaz
acima do peito respira-se pouco
Esconde-te no teu olhar
arredonda o cabelo na orelha
e sorri daquela maneira antiga
Para que te possa beijar
e parar de engolir ar
para me alimentar de ti
sábado, 3 de abril de 2010
Ainda hoje, és tu.
É já irremediavelmente tarde
amontoa-se já demasiada areia
que corre sempre amargamente
desde que não é possível
Lágrimas fundas e amarelecidas
peitos cansados, desfalecidos
bocas secas, sem palavras
mãos retorcidas, vazias
Herança pesada de um dia
bagagem amarga de hoje
estrada cruel de amanhã
Corações cheios, eternos
Sorrisos inteiros,sinceros
um amor, de encher cadernos
amontoa-se já demasiada areia
que corre sempre amargamente
desde que não é possível
Lágrimas fundas e amarelecidas
peitos cansados, desfalecidos
bocas secas, sem palavras
mãos retorcidas, vazias
Herança pesada de um dia
bagagem amarga de hoje
estrada cruel de amanhã
Corações cheios, eternos
Sorrisos inteiros,sinceros
um amor, de encher cadernos
quarta-feira, 31 de março de 2010
terça-feira, 30 de março de 2010
esquisso
carregando no carvão da tua face luzidia
escureço-te de dentro para fora
numa espiral em recta com o teu sorriso
guardo-te o cabelo em tons amenos
e os olhos em tons do fogo que te faz
inspiro-me inspirando-te o ar
desenho-te desenhando-me o vento
num eterno sarrabiscar de alma
e coração negro e carregado
por ter em minha mão a sorte
de todo um sentimento, em fado.
escureço-te de dentro para fora
numa espiral em recta com o teu sorriso
guardo-te o cabelo em tons amenos
e os olhos em tons do fogo que te faz
inspiro-me inspirando-te o ar
desenho-te desenhando-me o vento
num eterno sarrabiscar de alma
e coração negro e carregado
por ter em minha mão a sorte
de todo um sentimento, em fado.
segunda-feira, 22 de março de 2010
sincronização
palavras meias com as tuas mãos
parede inteira de um coração
ergo-me pleno, respiro-me
sereno emaranhado de veias
cheias de mim
batente vermelho desajeitado
agitado, indulgente
olhos negros, de cor
fervilham,
sem vapor, sem fúria
com amor
os meus encontram-te
no invisível calor
parede inteira de um coração
ergo-me pleno, respiro-me
sereno emaranhado de veias
cheias de mim
batente vermelho desajeitado
agitado, indulgente
olhos negros, de cor
fervilham,
sem vapor, sem fúria
com amor
os meus encontram-te
no invisível calor
sexta-feira, 19 de março de 2010
vertigem
casca do tempo
palavra seca de
sentido
ganha no meu estômago
cores dos teus olhos ao
caírem nos
meus
palavra seca de
sentido
ganha no meu estômago
cores dos teus olhos ao
caírem nos
meus
terça-feira, 9 de março de 2010
terça-feira, 2 de março de 2010
domingo, 28 de fevereiro de 2010
limão
naquele som quadrado das unhas no tampo da mesa
sai de mim talvez o enfado infinito das palavras
o cantar quase rouco mas só monocórdico de mim
extrai-o os dizeres de seus sentidos, os significados
dos seus lugares e caminhos. Desfaço-os no pó espesso
que faz toda a poeira poética. Invento e invento-me
invento fiel e pobre de luz. Desconstruo a luz e viro
o vento. Sou senhor e deus menor do piano imaginário.
Descasco um limão em cascas pequeninas
separo os gomos em pedaços imaculados
espremo as gotas uma a uma
e faço do limão, poesia.
sai de mim talvez o enfado infinito das palavras
o cantar quase rouco mas só monocórdico de mim
extrai-o os dizeres de seus sentidos, os significados
dos seus lugares e caminhos. Desfaço-os no pó espesso
que faz toda a poeira poética. Invento e invento-me
invento fiel e pobre de luz. Desconstruo a luz e viro
o vento. Sou senhor e deus menor do piano imaginário.
Descasco um limão em cascas pequeninas
separo os gomos em pedaços imaculados
espremo as gotas uma a uma
e faço do limão, poesia.
sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010
quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010
segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010
Beija-flor
Caminhando na escuridão de um tempo pequeno
uma cor demasiado calculada para dar vida
Semear no caminho flores de peito feito
e pássaros claros como Maio de antigamente
Cantar uma pequena lagoa de sal em
mil e uma cantigas de guitarras aceleradas
Respirar lentamente no silencio vazio
que se esquece das palavras por poder
que se despoja do calor ameno da voz
pela brisa fresca do sussurro adormecido
Caminhar na escuridão de um tempo pequeno
esfregando as mãos de um tempo grande
grande com a felicidade melancólica
de um pequeno pássaro
que beija voando
esbracejando
o tempo
uma cor demasiado calculada para dar vida
Semear no caminho flores de peito feito
e pássaros claros como Maio de antigamente
Cantar uma pequena lagoa de sal em
mil e uma cantigas de guitarras aceleradas
Respirar lentamente no silencio vazio
que se esquece das palavras por poder
que se despoja do calor ameno da voz
pela brisa fresca do sussurro adormecido
Caminhar na escuridão de um tempo pequeno
esfregando as mãos de um tempo grande
grande com a felicidade melancólica
de um pequeno pássaro
que beija voando
esbracejando
o tempo
terça-feira, 16 de fevereiro de 2010
segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010
domingo, 7 de fevereiro de 2010
AICAI V
Desta lua cai
toda a luz perfeita
para te sorrir
*para que talvez ainda não saiba: Haikai (em japonês: 俳句, plural Haiku ) é uma forma poética de origem japonesa, que valoriza a concisão e a objectividade. Os poemas têm três linhas, contendo na primeira e na última cinco caracteres japoneses (isto é, sílabas), e sete caracteres na segunda linha. Em japonês, haiku são tradicionalmente impressos numa única linha vertical, enquanto haiku em Língua Portuguesa geralmente aparecem em três linhas, em paralelo
toda a luz perfeita
para te sorrir
*para que talvez ainda não saiba: Haikai (em japonês: 俳句, plural Haiku ) é uma forma poética de origem japonesa, que valoriza a concisão e a objectividade. Os poemas têm três linhas, contendo na primeira e na última cinco caracteres japoneses (isto é, sílabas), e sete caracteres na segunda linha. Em japonês, haiku são tradicionalmente impressos numa única linha vertical, enquanto haiku em Língua Portuguesa geralmente aparecem em três linhas, em paralelo
quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010
Época
A água escorre lentamente
num silvo grave e astuto
procuro algo menor com que me
preocupar, menos cabeça
orelhas, braços, pescoço, peito
costas, umbigo, escuro, quente
o vapor sobe e desce
fazendo-me dono do nevoeiro
morna, a água pára.
Abrir os olhos, secar o cabelo
entrar na camisola,
cair dentro das calças
desço,desço-me, respiro
o sol pelos olhos entupidos
café, café, chocolate,café
estômago vazio de sempre
a mão a escrever sempre
os olhos entupidos de sono
corpo entorpecido de calor
doi-me a cabeça, doem-me
mil cabeças, mil pensamentos
doem-me as orelhas de ouvir
doem-me os ouvidos de ler
conversas pequenas e atarracadas
sair, comer, para não comer
desesperar, arejar, fazer
fotossíntese.
Adormeço outra vez
em frente ao papel
adormecem-me os dedos
escrevo, rabisco, calculo
entro, ligo, distraio-me
olho, olho para tudo
não vejo nada, não vejo
ninguém
caminho, sozinho, desço-me
ao poço, num balde de madeira
queimo a corda e o balde
deito-me no fundo
noite adentro
afago-me, afasto-me,
afogo-me,
durmo,
até
num silvo grave e astuto
procuro algo menor com que me
preocupar, menos cabeça
orelhas, braços, pescoço, peito
costas, umbigo, escuro, quente
o vapor sobe e desce
fazendo-me dono do nevoeiro
morna, a água pára.
Abrir os olhos, secar o cabelo
entrar na camisola,
cair dentro das calças
desço,desço-me, respiro
o sol pelos olhos entupidos
café, café, chocolate,café
estômago vazio de sempre
a mão a escrever sempre
os olhos entupidos de sono
corpo entorpecido de calor
doi-me a cabeça, doem-me
mil cabeças, mil pensamentos
doem-me as orelhas de ouvir
doem-me os ouvidos de ler
conversas pequenas e atarracadas
sair, comer, para não comer
desesperar, arejar, fazer
fotossíntese.
Adormeço outra vez
em frente ao papel
adormecem-me os dedos
escrevo, rabisco, calculo
entro, ligo, distraio-me
olho, olho para tudo
não vejo nada, não vejo
ninguém
caminho, sozinho, desço-me
ao poço, num balde de madeira
queimo a corda e o balde
deito-me no fundo
noite adentro
afago-me, afasto-me,
afogo-me,
durmo,
até
domingo, 31 de janeiro de 2010
Conter
Se numa dança pudesse
destruir-te de tudo
dançaria noite fora
até cobrir o chão de suor
até me descobrir de raiva
me desfazer de tudo.
Danço tremendo
a dança tremenda
da agonia de me ver
privado de um sol
melhor.
Ensaio-me
ensaio-me sempre.
destruir-te de tudo
dançaria noite fora
até cobrir o chão de suor
até me descobrir de raiva
me desfazer de tudo.
Danço tremendo
a dança tremenda
da agonia de me ver
privado de um sol
melhor.
Ensaio-me
ensaio-me sempre.
quinta-feira, 28 de janeiro de 2010
terça-feira, 26 de janeiro de 2010
Cidade, ou carta para uma musa.
Imagino a cidade deserta, cheia de vazio
pronta ao meu atrevimento sobrevivente
escavando-a de memórias.
Podes cair se quiseres, baixar os braços
e tudo o que em ti te enche
A minha frágil memória é tua por inteiro
passo-te a mão por todas as franjas no horizonte
conheço-te todas as fachadas
prevejo-te os movimentos, os respiros,
as cores que se mudam nos meus olhos
as cores que mudas nos teus semáforos
as luzes de que te maquilhas
o pó que te sobrevooa
é minha a tua memória, do que me consegues
contar
és minha nos espaços em que posso habitar
em que co-habitamos o respirar
música cheia e prolongada
que enche toda a minha escrita
cheiro forte e misterioso
que vejo em todo respirar
cócegas amenas e húmidas
que ecoam do teu olhar
viagem eterna e cíclica
onde habito e respiro
em que me respiro
em que me encontro, sem
me procurar
como o cheiro da almofada que se enche da minha saliva
assim tu, cheia do meu pensar,
enches-me do meu próprio
respirar.
pronta ao meu atrevimento sobrevivente
escavando-a de memórias.
Podes cair se quiseres, baixar os braços
e tudo o que em ti te enche
A minha frágil memória é tua por inteiro
passo-te a mão por todas as franjas no horizonte
conheço-te todas as fachadas
prevejo-te os movimentos, os respiros,
as cores que se mudam nos meus olhos
as cores que mudas nos teus semáforos
as luzes de que te maquilhas
o pó que te sobrevooa
é minha a tua memória, do que me consegues
contar
és minha nos espaços em que posso habitar
em que co-habitamos o respirar
música cheia e prolongada
que enche toda a minha escrita
cheiro forte e misterioso
que vejo em todo respirar
cócegas amenas e húmidas
que ecoam do teu olhar
viagem eterna e cíclica
onde habito e respiro
em que me respiro
em que me encontro, sem
me procurar
como o cheiro da almofada que se enche da minha saliva
assim tu, cheia do meu pensar,
enches-me do meu próprio
respirar.
progressão geométrica
Quadrado a quadrado desfaço-te e
desapareço-me contra o fundo pálido
Lado a lado encontro-te e
olho-te seguro do meu peito
Frente a frente escolho-te
para me felicitar, a minha fortuna.
Escada a escada. Contigo.
Dia a dia, comigo.
Cresce-te contra mim.
Ama-me contra ti.
desapareço-me contra o fundo pálido
Lado a lado encontro-te e
olho-te seguro do meu peito
Frente a frente escolho-te
para me felicitar, a minha fortuna.
Escada a escada. Contigo.
Dia a dia, comigo.
Cresce-te contra mim.
Ama-me contra ti.
segunda-feira, 25 de janeiro de 2010
caderno
olhos fechados na alma enregelada
dedos fechados na palma amedrontada
choro fechado na calma foçada
coração trancado no tempo
eu na sala fechada de mim
sala plena de silêncio
silêncio acordado sonolento
vou segurando um lápis amarelo
não como uma espada
mas como um lenço
cheio de lágrimas e mágoa.
Sou um poeta forte
mas a poesia não é uma luta.
Só a vida.
dedos fechados na palma amedrontada
choro fechado na calma foçada
coração trancado no tempo
eu na sala fechada de mim
sala plena de silêncio
silêncio acordado sonolento
vou segurando um lápis amarelo
não como uma espada
mas como um lenço
cheio de lágrimas e mágoa.
Sou um poeta forte
mas a poesia não é uma luta.
Só a vida.
quinta-feira, 21 de janeiro de 2010
dorme corpo, humano
pum pum pum pum
vai-se passeando o sangue
espalhando-se pelo meu corpo
bam bam bam bam
escorrendo das minhas artérias
palpebras fechadas, labios
abertos desconsolados, abafados
maxilares unidos, estalam-me
os ouvidos
sopro contra o ar
inspiro e sinto o sangue
quente, ruborizado
fecho os olhos
deixo-me dormir
lentamente
como quem morre
de um dia mais.
vai-se passeando o sangue
espalhando-se pelo meu corpo
bam bam bam bam
escorrendo das minhas artérias
palpebras fechadas, labios
abertos desconsolados, abafados
maxilares unidos, estalam-me
os ouvidos
sopro contra o ar
inspiro e sinto o sangue
quente, ruborizado
fecho os olhos
deixo-me dormir
lentamente
como quem morre
de um dia mais.
terça-feira, 19 de janeiro de 2010
Vício
notas do meu piano alfanumerico
que acarinho gentilmente em bufetadas
o povo pequenino feito de mim
as letras que fazem palavras que
me fazem a mim
que as faço a elas
pescada circular e viciosa
viciada
vicio de sentimentos
do que nos separa de tudo
invisíveis palavras
das minhas mãos quando te afago
transformadas em borboletas vermelhas
das minhas mãos quando te escrevo
quando martelo pesadamente nas teclas
pretas e brancas que formam letras nos
meus cadernos meio acabados
começados e desorganizados
reflexo da minha mão que reflecte a minha vida
ciclo-de-rabo-na-boca
vida de mão no coração
de coração no papel.
que acarinho gentilmente em bufetadas
o povo pequenino feito de mim
as letras que fazem palavras que
me fazem a mim
que as faço a elas
pescada circular e viciosa
viciada
vicio de sentimentos
do que nos separa de tudo
invisíveis palavras
das minhas mãos quando te afago
transformadas em borboletas vermelhas
das minhas mãos quando te escrevo
quando martelo pesadamente nas teclas
pretas e brancas que formam letras nos
meus cadernos meio acabados
começados e desorganizados
reflexo da minha mão que reflecte a minha vida
ciclo-de-rabo-na-boca
vida de mão no coração
de coração no papel.
domingo, 17 de janeiro de 2010
sábado, 16 de janeiro de 2010
não há monstros no armário
cerro os olhos para guardar o sal cá dentro
fecho as mãos nas palmas manchadas de sangue
trago os joelhos à barriga inquieta
chorei, não choro mais. Nunca
mais
tarde, tarde de mais. Não vou a
tempo de emendar nada disto
o armaário cheio, cheio de tudo que tenho
para fazer, ontem e anteontem.
Não digas nada, faz de conta que tudo é normal
Tenho que sair e acenar
nas escadas que descem da minha porta
aceno e sorrio
como o presidente recém-chegado
que destruiu tudo sem arrependimento
arrependo-me com sorrisos falsos
junto os dedos na palma da mão
cravo as unhas na carne mole
faço os punhos voar no vazio
encho os pulmões
choro, outra vez.
fecho as mãos nas palmas manchadas de sangue
trago os joelhos à barriga inquieta
chorei, não choro mais. Nunca
mais
tarde, tarde de mais. Não vou a
tempo de emendar nada disto
o armaário cheio, cheio de tudo que tenho
para fazer, ontem e anteontem.
Não digas nada, faz de conta que tudo é normal
Tenho que sair e acenar
nas escadas que descem da minha porta
aceno e sorrio
como o presidente recém-chegado
que destruiu tudo sem arrependimento
arrependo-me com sorrisos falsos
junto os dedos na palma da mão
cravo as unhas na carne mole
faço os punhos voar no vazio
encho os pulmões
choro, outra vez.
quinta-feira, 14 de janeiro de 2010
Olá
dizer-te só
uma palavra pequena
num sentimento tão grande
num tempo tão distante
numa terra tão longínqua
uma palavra pequena
num sentimento tão grande
num tempo tão distante
numa terra tão longínqua
Este sou eu hoje.
Nesta hora de sono avançado sobre a cabeça
queria talvez guardar em plástico selado
a memória de hoje como um dia normal
para me poder ver hoje em plástico selado
Mandem parar o tempo para que possa regressar
e gritar-me aos ouvidos
tudo o que deveria fazer.
Queria-me gritar tanta coisa de ontem
grito-me devagarinho, num desenho lento
sem cor nem feitio
que se vai esbatendo na claridade
que amarelece a fotografia de mim.
Este sou eu hoje.
queria talvez guardar em plástico selado
a memória de hoje como um dia normal
para me poder ver hoje em plástico selado
Mandem parar o tempo para que possa regressar
e gritar-me aos ouvidos
tudo o que deveria fazer.
Queria-me gritar tanta coisa de ontem
grito-me devagarinho, num desenho lento
sem cor nem feitio
que se vai esbatendo na claridade
que amarelece a fotografia de mim.
Este sou eu hoje.
segunda-feira, 11 de janeiro de 2010
Anda D.
Caminha num fundo vermelho
do pôr-do-sol de verão
sorriso quente de um final de dia
de nariz alto e feliz
os pés suspendem-se no ar
felizes de caminhar
seguros já.
Caminha na areia gasta dos anos
no caminho invisível de ver
sorri sempre de brancura redentora
para o meu sorriso apaixonado.
do pôr-do-sol de verão
sorriso quente de um final de dia
de nariz alto e feliz
os pés suspendem-se no ar
felizes de caminhar
seguros já.
Caminha na areia gasta dos anos
no caminho invisível de ver
sorri sempre de brancura redentora
para o meu sorriso apaixonado.
sábado, 9 de janeiro de 2010
Respira fundo
Queria uma fotografia de lados em redondinho
a preto e branco num baloiço de madeira
Um filme em filme, projectado numa parede
de um baloiço a baloiçar, sozinho
o sol por trás carregando a parede em amarelo
Percorrer a relva com um carro de lata
percorrer o céu com um avião de papel
percorrer-me no rosto um sorriso de esguelha
Queria uma cassete, cheia de histórias de encantar
cor-de-laranja como o xarope da tosse
um prato de plástico, com coelhos e cenouras
cheio de cenouras e batatas
e um peixe ainda a nadar
Encher-me de nostalgia
encher-me de ser feliz
encher o peito de felicidade
e respirar fundo.
a preto e branco num baloiço de madeira
Um filme em filme, projectado numa parede
de um baloiço a baloiçar, sozinho
o sol por trás carregando a parede em amarelo
Percorrer a relva com um carro de lata
percorrer o céu com um avião de papel
percorrer-me no rosto um sorriso de esguelha
Queria uma cassete, cheia de histórias de encantar
cor-de-laranja como o xarope da tosse
um prato de plástico, com coelhos e cenouras
cheio de cenouras e batatas
e um peixe ainda a nadar
Encher-me de nostalgia
encher-me de ser feliz
encher o peito de felicidade
e respirar fundo.
quarta-feira, 6 de janeiro de 2010
Sem
Agarrar nisto tudo.
Agarrar nisto tudo daqui pra fora
Para que me vejam,
para que me leiam
quero ser lido
quero ser odiado
palavras pequenas em livros grandes
que estou farto de palavras grandes
em palcos pequenos
por minusculas que sejam as minhas palavras
por pequeno que seja eu num universo literario
sou eu
e eu
escrevo!
Agarrar nisto tudo daqui pra fora
Para que me vejam,
para que me leiam
quero ser lido
quero ser odiado
palavras pequenas em livros grandes
que estou farto de palavras grandes
em palcos pequenos
por minusculas que sejam as minhas palavras
por pequeno que seja eu num universo literario
sou eu
e eu
escrevo!
segunda-feira, 4 de janeiro de 2010
Criar
um som tão claro
como a fala seca
das folhas castanhas
que caem douradas
uma dança tão límpida
como o primeiro ondular
das papoilas de Abril
uma imagem tão transparente
como o sol
a incediar o mar
no final da praia
um filme tão puro
como a neve derretida
escorre atentamente
de uma caleira enferrujada
criar a beleza de um mundo inteiro
num só sopro abafado dos meus dedos
contra as letras.
como a fala seca
das folhas castanhas
que caem douradas
uma dança tão límpida
como o primeiro ondular
das papoilas de Abril
uma imagem tão transparente
como o sol
a incediar o mar
no final da praia
um filme tão puro
como a neve derretida
escorre atentamente
de uma caleira enferrujada
criar a beleza de um mundo inteiro
num só sopro abafado dos meus dedos
contra as letras.
domingo, 3 de janeiro de 2010
Silente
sacudo o sono permanente
daqui pra frente
tudo diferente
sonho
de encontro a um tempo
medonho
espero-me e desespero-me
um novo ano
um novo começo
uma nova vida
tudo velho
sonho velho
mas sonho de novo
Amanhã tudo novo,
amanhã,
sempre amanhã.
daqui pra frente
tudo diferente
sonho
de encontro a um tempo
medonho
espero-me e desespero-me
um novo ano
um novo começo
uma nova vida
tudo velho
sonho velho
mas sonho de novo
Amanhã tudo novo,
amanhã,
sempre amanhã.
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