domingo, 28 de fevereiro de 2010

limão

naquele som quadrado das unhas no tampo da mesa
sai de mim talvez o enfado infinito das palavras
o cantar quase rouco mas só monocórdico de mim
extrai-o os dizeres de seus sentidos, os significados
dos seus lugares e caminhos. Desfaço-os no pó espesso
que faz toda a poeira poética. Invento e invento-me
invento fiel e pobre de luz. Desconstruo a luz e viro
o vento. Sou senhor e deus menor do piano imaginário.

Descasco um limão em cascas pequeninas
separo os gomos em pedaços imaculados
espremo as gotas uma a uma
e faço do limão, poesia.

1 comentário:

styska disse...

são tantas vezes pequenos os pormenores que distinguem os poetas do resto do mundo. sorrio sempre que reparo nesses pormenores entre as tuas palavras (até quando elas são mais tristes ou pesadas).