segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

boas festas

Espero sempre que a tua voz venha por esta altura
espero que o teu abraço se junte a nós na ceia
espera-te sempre o bacalhau frito para a manhã

Agarro-te sempre a memória risonha do último
agarro-me as mãos debaixo da mesa, brancas
agarro-me aos sorrisos trocados à socapa

Lembro-me de mim, pequeno
lembro-te do meu tamanho já
lembro-nos ombro a ombro
vejo-nos ombro a ombro

Desejo-te nas horas mais sós
desejo-te, só
desejo-me um velho natal
desejo um ano, novo.

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Precisava de um ano
ou isso, para arrumar
todas as
palavras
na minha
cabeça.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

M

As vezes
apetece-me chorar
mas não começo
com medo de nunca
mais
parar
vou dormir
para não pensar.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

11

Hoje nove
amanhã chove
depois, talvez
durma e festeje
contigo
princesa.

gelo no vidro

quando te encontrar
naquela rua calçada
com o ar congelando-se
na minha boca
e o coração
ardendo-me no peito
vou-te sorrir
como quem chora
por saber que nunca
te sentirei as mãos

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

sou aquilo que o mundo me fez

do preto que visto
A alma
Sou negro de saudade
Sou praxe que rói
sem calma
Sou filho da
Faculdade
Nunca escrevi
Poemas de 
Amor
Hoje escrevo poemas
De dor
Preto do fado
Académico
Preto de 
Fado 
Praxistico.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Eléctrica Solidão



aqui,
no mundo
inteiro
sinto-me
tão

Fé Velha


ofusca-me
tudo o que
tens de
significar.
simplifica-te,
simplifica-me.

Terreiro do Sol










aquece-me

o pensamento de
um sol
quente
para nós os dois.

Cromatografia


espalha-te
sobre o pôr-do-
-sol do
meu peito

Raizes de pedra


da lei
da vida que
somos
temos que
deixar de
ser.

Alcançando as Estrelas

feliz,
no tempo
de o ar
me segurar,
no céu.

Pescando Laranja


esquece o sol
tudo é
isto
que é
nossso

Senta-te aí







deixa-me
olhar-te, só
bonita

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Passeio

Talvez uma estrada
preta, muito escura
uma mochila carregada
verde, muito escura

Pés talvez caminhando
cansados, de andar
uns olhos chorando
cansados, de amar

Mãos cortadas talvez
invisiveis, quem sabe
recolhidas de vez

Nevoeiro certamente
cerrado, fechado, molhado
magoado, como eu
Sem dias
Cem dias
Fechados num tempo
Diferente
Um momento
silente

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

É como ter-vos sempre comigo

父母
キカ

É como te ter sem te sentir

Às vezes,
por trás de um
sorriso pequeno,
ou de um olhar
claro
sinto ainda
os teus olhos,
segurando o teu
sorriso ao mundo,
e sorrio-te de
lágrimas no peito,
kika.

É como sentir que te tenho

Às vezes de noite,
quando me cubro,
com os lençóis para
dormir,
fecho os olhos,
e sinto o teu beijo,
sobre mim,
mãe.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Esqueci-me de parar o trapézio 
De onde me esqueço que balanço
Se parar para pensar
Caio na rede que não tenho

Fecho as mãos neste cilindro
Cheias de pó e suor dos dias
Em que me deixo balançar 
em que deixo de respirar

Para sentir isto que sinto 
Para voar sobre o infinito
De onde escrevo a medo
Este som de pequenino

Tshec!

Posso parar
agora
de vez
desta vez
Num papel
rodeado de branco
Uma pollaroid
feita de mim 

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

É como sentir que não te tenho

As vezes, quando entro
na minha casa vazia
penso que vou encontrar
atras da porta de madeira
o teu abraço,
pai

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Fazer voar nos meus dedos
uma fénix de papel,
enquanto no ar voa um piano
de notas tímidas. De negro
nas mãos escrevo a carvão
desenhos de flores pretas
no branco. O cabelo ondula
no vento, tempo de o cortar.
O vento, o tempo, o cabelo pode ficar.
Inquieto respiro silente.
Faço parar o tempo,
faço parar o vento,
deixo o cabelo no ar.
Fecho os olhos
olhando o céu nublado do meu quarto,
respiro silente e inquieto.
As mãos ainda a voar no som
do piano ou de uma guitarra talvez.
A fénix arde lentamente
ao fundo da minha cabeça.
Silente, inquieto,  respiro.   

sábado, 24 de outubro de 2009

3

Do inverno que pode chegaer
Lembrei que lhe tenho medo
Medo do escuro de me esquecer
Medo do tempo de não escrever
Faço cair os dedos nas letras
No sonho que tudo faça sentido
Leio poemas doutros poetas
Na esperança de não me ter esquecido
Três para me dar sorte
No recomeço entorpecido
Desculpem o mau cantar
E a voz enrouquecida 

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Dia e Noite

Deixa vir o sol
estende-te contra o céu
e sorri ao novo dia

Sorri a nova vida
estende a pele de galinha
Deixa-me que te ame

Noite e Dia

Deixa-te cair em mim
estende-me a mão
e sorri-me daí

Sorri-me de ti a vida
estende-te na minha pele
deixa cair o sono

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Voltamos dentro de breves momentos

O trago amargo do café
escorre-me pelas mãos pobres e perdidas
Um bafo quente sem fé
sufoca-me a memória de férias coloridas

Dentro de mim um só pensamento
perdido, vazio do tempo
um sonho amarelecido
já sem brilho, adormecido

Nada.
Só o vento que espera os carros
e os olhos que esperam descanço

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Sardinhas de saudade

De costas voltadas á cidade
lembro-me dos anos passados
deixo cair em mim a saudade
sorrio ainda de olhos molhados

Flutua no vento a efemeridade
amontoam-se no chão voos falhados
ouve-se ao longe a voz da amizade
choro ainda de lábios esticados

Pesa-me nos ombros ainda a idade
que me agarra de dedos cravados
e deixa no ar o cheiro da verdade

Vejo-vos agora de olhos fechados
espero paciente a nova claridade
e o calor de um verão de dias ousados

terça-feira, 16 de junho de 2009

Rua da Inquietude

Quieto, inquieto-me
volvo ao sal
e ao negro de dias passados
o presente sabe-se mal,
a dias envenenados

falta talvez hoje
para que chegue amanha
para que chegue de hoje
e possa ser amanhã

Inquieto, acalmo-me
de choro na mão
as pestanas molhadas de mais
no peito ainda pesa o sal
e o olhar queda-se igual

falta talvez o calor
para que chegue a calma
para que chegue de ardor
que já me sufoca a alma

domingo, 17 de maio de 2009

Praça

A cidade cinzenta afigura-se
aos pés de gente sem caminho

De costas viradas ao céu
Inclinam-se as cabeças
e olhos, no chão

De medos cobertos em breu
Inclinam-se incertezas
e gelo, no coração

A cidade ao contrário
Engendrada sem edifícios
Um rio perdido no tempo
uma calçada perdida, na água

Uma ilha de gente e cimento
um choro, um constante lamento
sem olhar, vazio por dentro
perdido nos dias, no tempo

segunda-feira, 16 de março de 2009

Lembra o Amor

Esquece-te
De tudo
Que magoa
Que entristece

Tudo
Que nos esquece
Por lembrar
tudo
que entristece
que magoa

Lembra-te
Lembra-me
O amor
sempre

segunda-feira, 2 de março de 2009

Adolescente

Quando era mais novo
ousei pensar
que todo este choro e dor
eram a minha adolescencia
eu gostava que acabasse
a dor, ou a adolescencia
o que quer que seja
que me esmaga inteiro.

domingo, 1 de março de 2009

Bandido

De dentro surge a ideia
De fora o tempo esbate-lhe
perdê-la para sempre na teia
ou deixar que se espalhe

No meu corpo de ideias surradas
Na minha cabeça de mãos amarradas
O esquecimento da lembrança
de escrever ainda criança.

Tirar de mim o prazer
de finalmente me ler

Falta-me o papel impresso
o texto a negro num fundo branco
o titulo de espanto
o livro de regresso

Quero-me ver nas livrarias,
quero sentir-me artista
para que exista
para essa cadeira que dizias

Poemas sem um poeta
como saídos de uma mãe incerta
Orfãos de pai e papel
Fartos de um mundo cruel

Poemas de um bandido
Que canta só e perdido
Coberto de penas e alcatrão
Á espera de uma só mão

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Esqueci-me de contar o tempo
num tempo que se perdeu
num lugar que me perdi

A chuva desfaz-se no vento
As luzes apagam o céu
Não vejo o dia daqui

Perdi-me demasiado no momento
já nem seu se sou eu
não sei se sou daqui

Guardo demais o pensamento
não faço o que é meu
o meu peito não sorri

Nunca Hoje

Amanhã será tudo o que hoje não pôde ser
Hoje é tudo o que amanhã tem que mudar
Ontem foi tudo o que hoje queria ter
Nunca será hoje, ontem e amanhã

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

O amor é tudo que temos

Deixa a água ficar no seu lugar
deixa o sal que não se enxerga
Larga todo esse mar
Que de sofrer já chega

Já chega de água e dor
deixa tudo isso agora
deixa vir o amor
que a água vai embora

Ama-me e deixa que te ame
esquece o que de tudo fizemos
esquece este eterno exame

Chega destes gestos extremos
deste infindável falar infame
que o amor é tudo que temos

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Tortura

De ferro a cadeira negra que me sento
o cheiro vermelho desfaz-me por dentro
vermelho ferrugento de um tempo escuro
onde o amor com medo fugiu para o futuro

Os pés descalços que tocam o gelo cinzento
o relógio deixa escorrer um respirar lento
imagino falhas que façam cair este muro
que me levem para algum sitio seguro

tenho medo mas já não o tenho
quero explodir mas já não quero
fujo neste instante mas já não fujo

já não sou nada mas quero ser tudo
tudo o que sou nada me ajuda
nada muda tudo o que é