terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Pátria familiar

Apareceste-me depois de alguns meses de silêncio. A tua
aparência de bebida fresca e simples de verão enganou-me de
novo e deixei-te entrar com todo o sorriso. Sentaste-te e
sentamo-nos, sorrindo o sol. Era sol, eras sol. Ainda.
Conversamos, ouvi-te e repeti-te, sabendo algumas palavras
de cor. Ainda. O teu sorriso de piano ia-se espalhando pelo
ar, e como um acenar de lenço largas desenfreada a partir-me
todos os cristais, vidros e janelas. Fecho os olhos com medo
dos vidros. Canto com a boca fechada de vergonha.
Tu espalhas cacos pelo chão, sem sinais de parar. Ainda. Fecho os olhos
respiro fundo, e tu fecha-los comigo e respiras sem mim. Voltaste,
e desta vez trouxeste as letras contigo. A altura é que talvez não seja a melhor.
Ainda. Talvez se arranje. Talvez te escreva. Ainda.

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

AICAI XVIII

uma princesa
guarda mil pérolas
a sorrir feliz

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

ainda que chôva

Se te esquecesses de mim
com a mão ainda na minha
se te esquecesses e largasses no chão
a minha mão perdida
se tudo isso se passasse num sonho
ainda assim terias tu desculpas para me dar?
de sorriso aberto no ar
com a noite a carregar-me nos ombros?
se a chuva fosse minha
abrias-me o guarda-chuva vermelho
que nos esquecemos em casa?

quarta-feira, 8 de junho de 2011

AICAI XXXVII

guardar em mim
o infinito olhar
de um pôr-de-sol

quinta-feira, 19 de maio de 2011

fogo

há uma pedra na garganta
que me faz gritar
há um dia depois do dia
há vozes que sobem no ar
um vento infinito que nos venda
há sal, demasiado sal
e o sangue pressurizado
pinta de vermelho
o já vermelho cenário

fogo, um fogo devastador
que nos aquece, mais do que nos queima
que nos queima demais
mas nos une no infinito.

domingo, 19 de dezembro de 2010

AICAI XXXVI

branco redentor
da nevoa salgada,
tuas lágrimas

sábado, 20 de novembro de 2010

AICAI XXXV

folhas que caem
entupindo caleiras
dos meus olhos