quarta-feira, 14 de julho de 2010

insónia

o inevitável e esbatido tecto
a abrasar-me todo o quarto
esforço-me e fecho os olhos
canso-me e abro os olhos

rodo, rebolo, enervo-me
tenho que adormecer
tenho que amanhecer
respiro, expiro, transpiro

tudo, tudo e mais alguma coisa
nada do que penso é sono
sonhos concretos e planos aéreos
que impendem o natural
sono sonhado.

a luz vem já de caminho
o mundo acorda daqui a nada
durmo só um bocadinho
respiro devagarinho

faço a respiração adormecer
deixo os membros entorpecer
seco os ouvidos de ruido
e fico a só comigo
terrivel companhia de mim
que não se cala
e não me deixa dormir

pesados deambulares
estranhos acompanhantes
pormenores insignificantes

acorda, já é tarde
a bexiga está cheia
a cabeça rebenta
o dia já vai a meio.

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