Se numa dança pudesse
destruir-te de tudo
dançaria noite fora
até cobrir o chão de suor
até me descobrir de raiva
me desfazer de tudo.
Danço tremendo
a dança tremenda
da agonia de me ver
privado de um sol
melhor.
Ensaio-me
ensaio-me sempre.
domingo, 31 de janeiro de 2010
quinta-feira, 28 de janeiro de 2010
terça-feira, 26 de janeiro de 2010
Cidade, ou carta para uma musa.
Imagino a cidade deserta, cheia de vazio
pronta ao meu atrevimento sobrevivente
escavando-a de memórias.
Podes cair se quiseres, baixar os braços
e tudo o que em ti te enche
A minha frágil memória é tua por inteiro
passo-te a mão por todas as franjas no horizonte
conheço-te todas as fachadas
prevejo-te os movimentos, os respiros,
as cores que se mudam nos meus olhos
as cores que mudas nos teus semáforos
as luzes de que te maquilhas
o pó que te sobrevooa
é minha a tua memória, do que me consegues
contar
és minha nos espaços em que posso habitar
em que co-habitamos o respirar
música cheia e prolongada
que enche toda a minha escrita
cheiro forte e misterioso
que vejo em todo respirar
cócegas amenas e húmidas
que ecoam do teu olhar
viagem eterna e cíclica
onde habito e respiro
em que me respiro
em que me encontro, sem
me procurar
como o cheiro da almofada que se enche da minha saliva
assim tu, cheia do meu pensar,
enches-me do meu próprio
respirar.
pronta ao meu atrevimento sobrevivente
escavando-a de memórias.
Podes cair se quiseres, baixar os braços
e tudo o que em ti te enche
A minha frágil memória é tua por inteiro
passo-te a mão por todas as franjas no horizonte
conheço-te todas as fachadas
prevejo-te os movimentos, os respiros,
as cores que se mudam nos meus olhos
as cores que mudas nos teus semáforos
as luzes de que te maquilhas
o pó que te sobrevooa
é minha a tua memória, do que me consegues
contar
és minha nos espaços em que posso habitar
em que co-habitamos o respirar
música cheia e prolongada
que enche toda a minha escrita
cheiro forte e misterioso
que vejo em todo respirar
cócegas amenas e húmidas
que ecoam do teu olhar
viagem eterna e cíclica
onde habito e respiro
em que me respiro
em que me encontro, sem
me procurar
como o cheiro da almofada que se enche da minha saliva
assim tu, cheia do meu pensar,
enches-me do meu próprio
respirar.
progressão geométrica
Quadrado a quadrado desfaço-te e
desapareço-me contra o fundo pálido
Lado a lado encontro-te e
olho-te seguro do meu peito
Frente a frente escolho-te
para me felicitar, a minha fortuna.
Escada a escada. Contigo.
Dia a dia, comigo.
Cresce-te contra mim.
Ama-me contra ti.
desapareço-me contra o fundo pálido
Lado a lado encontro-te e
olho-te seguro do meu peito
Frente a frente escolho-te
para me felicitar, a minha fortuna.
Escada a escada. Contigo.
Dia a dia, comigo.
Cresce-te contra mim.
Ama-me contra ti.
segunda-feira, 25 de janeiro de 2010
caderno
olhos fechados na alma enregelada
dedos fechados na palma amedrontada
choro fechado na calma foçada
coração trancado no tempo
eu na sala fechada de mim
sala plena de silêncio
silêncio acordado sonolento
vou segurando um lápis amarelo
não como uma espada
mas como um lenço
cheio de lágrimas e mágoa.
Sou um poeta forte
mas a poesia não é uma luta.
Só a vida.
dedos fechados na palma amedrontada
choro fechado na calma foçada
coração trancado no tempo
eu na sala fechada de mim
sala plena de silêncio
silêncio acordado sonolento
vou segurando um lápis amarelo
não como uma espada
mas como um lenço
cheio de lágrimas e mágoa.
Sou um poeta forte
mas a poesia não é uma luta.
Só a vida.
quinta-feira, 21 de janeiro de 2010
dorme corpo, humano
pum pum pum pum
vai-se passeando o sangue
espalhando-se pelo meu corpo
bam bam bam bam
escorrendo das minhas artérias
palpebras fechadas, labios
abertos desconsolados, abafados
maxilares unidos, estalam-me
os ouvidos
sopro contra o ar
inspiro e sinto o sangue
quente, ruborizado
fecho os olhos
deixo-me dormir
lentamente
como quem morre
de um dia mais.
vai-se passeando o sangue
espalhando-se pelo meu corpo
bam bam bam bam
escorrendo das minhas artérias
palpebras fechadas, labios
abertos desconsolados, abafados
maxilares unidos, estalam-me
os ouvidos
sopro contra o ar
inspiro e sinto o sangue
quente, ruborizado
fecho os olhos
deixo-me dormir
lentamente
como quem morre
de um dia mais.
terça-feira, 19 de janeiro de 2010
Vício
notas do meu piano alfanumerico
que acarinho gentilmente em bufetadas
o povo pequenino feito de mim
as letras que fazem palavras que
me fazem a mim
que as faço a elas
pescada circular e viciosa
viciada
vicio de sentimentos
do que nos separa de tudo
invisíveis palavras
das minhas mãos quando te afago
transformadas em borboletas vermelhas
das minhas mãos quando te escrevo
quando martelo pesadamente nas teclas
pretas e brancas que formam letras nos
meus cadernos meio acabados
começados e desorganizados
reflexo da minha mão que reflecte a minha vida
ciclo-de-rabo-na-boca
vida de mão no coração
de coração no papel.
que acarinho gentilmente em bufetadas
o povo pequenino feito de mim
as letras que fazem palavras que
me fazem a mim
que as faço a elas
pescada circular e viciosa
viciada
vicio de sentimentos
do que nos separa de tudo
invisíveis palavras
das minhas mãos quando te afago
transformadas em borboletas vermelhas
das minhas mãos quando te escrevo
quando martelo pesadamente nas teclas
pretas e brancas que formam letras nos
meus cadernos meio acabados
começados e desorganizados
reflexo da minha mão que reflecte a minha vida
ciclo-de-rabo-na-boca
vida de mão no coração
de coração no papel.
domingo, 17 de janeiro de 2010
sábado, 16 de janeiro de 2010
não há monstros no armário
cerro os olhos para guardar o sal cá dentro
fecho as mãos nas palmas manchadas de sangue
trago os joelhos à barriga inquieta
chorei, não choro mais. Nunca
mais
tarde, tarde de mais. Não vou a
tempo de emendar nada disto
o armaário cheio, cheio de tudo que tenho
para fazer, ontem e anteontem.
Não digas nada, faz de conta que tudo é normal
Tenho que sair e acenar
nas escadas que descem da minha porta
aceno e sorrio
como o presidente recém-chegado
que destruiu tudo sem arrependimento
arrependo-me com sorrisos falsos
junto os dedos na palma da mão
cravo as unhas na carne mole
faço os punhos voar no vazio
encho os pulmões
choro, outra vez.
fecho as mãos nas palmas manchadas de sangue
trago os joelhos à barriga inquieta
chorei, não choro mais. Nunca
mais
tarde, tarde de mais. Não vou a
tempo de emendar nada disto
o armaário cheio, cheio de tudo que tenho
para fazer, ontem e anteontem.
Não digas nada, faz de conta que tudo é normal
Tenho que sair e acenar
nas escadas que descem da minha porta
aceno e sorrio
como o presidente recém-chegado
que destruiu tudo sem arrependimento
arrependo-me com sorrisos falsos
junto os dedos na palma da mão
cravo as unhas na carne mole
faço os punhos voar no vazio
encho os pulmões
choro, outra vez.
quinta-feira, 14 de janeiro de 2010
Olá
dizer-te só
uma palavra pequena
num sentimento tão grande
num tempo tão distante
numa terra tão longínqua
uma palavra pequena
num sentimento tão grande
num tempo tão distante
numa terra tão longínqua
Este sou eu hoje.
Nesta hora de sono avançado sobre a cabeça
queria talvez guardar em plástico selado
a memória de hoje como um dia normal
para me poder ver hoje em plástico selado
Mandem parar o tempo para que possa regressar
e gritar-me aos ouvidos
tudo o que deveria fazer.
Queria-me gritar tanta coisa de ontem
grito-me devagarinho, num desenho lento
sem cor nem feitio
que se vai esbatendo na claridade
que amarelece a fotografia de mim.
Este sou eu hoje.
queria talvez guardar em plástico selado
a memória de hoje como um dia normal
para me poder ver hoje em plástico selado
Mandem parar o tempo para que possa regressar
e gritar-me aos ouvidos
tudo o que deveria fazer.
Queria-me gritar tanta coisa de ontem
grito-me devagarinho, num desenho lento
sem cor nem feitio
que se vai esbatendo na claridade
que amarelece a fotografia de mim.
Este sou eu hoje.
segunda-feira, 11 de janeiro de 2010
Anda D.
Caminha num fundo vermelho
do pôr-do-sol de verão
sorriso quente de um final de dia
de nariz alto e feliz
os pés suspendem-se no ar
felizes de caminhar
seguros já.
Caminha na areia gasta dos anos
no caminho invisível de ver
sorri sempre de brancura redentora
para o meu sorriso apaixonado.
do pôr-do-sol de verão
sorriso quente de um final de dia
de nariz alto e feliz
os pés suspendem-se no ar
felizes de caminhar
seguros já.
Caminha na areia gasta dos anos
no caminho invisível de ver
sorri sempre de brancura redentora
para o meu sorriso apaixonado.
sábado, 9 de janeiro de 2010
Respira fundo
Queria uma fotografia de lados em redondinho
a preto e branco num baloiço de madeira
Um filme em filme, projectado numa parede
de um baloiço a baloiçar, sozinho
o sol por trás carregando a parede em amarelo
Percorrer a relva com um carro de lata
percorrer o céu com um avião de papel
percorrer-me no rosto um sorriso de esguelha
Queria uma cassete, cheia de histórias de encantar
cor-de-laranja como o xarope da tosse
um prato de plástico, com coelhos e cenouras
cheio de cenouras e batatas
e um peixe ainda a nadar
Encher-me de nostalgia
encher-me de ser feliz
encher o peito de felicidade
e respirar fundo.
a preto e branco num baloiço de madeira
Um filme em filme, projectado numa parede
de um baloiço a baloiçar, sozinho
o sol por trás carregando a parede em amarelo
Percorrer a relva com um carro de lata
percorrer o céu com um avião de papel
percorrer-me no rosto um sorriso de esguelha
Queria uma cassete, cheia de histórias de encantar
cor-de-laranja como o xarope da tosse
um prato de plástico, com coelhos e cenouras
cheio de cenouras e batatas
e um peixe ainda a nadar
Encher-me de nostalgia
encher-me de ser feliz
encher o peito de felicidade
e respirar fundo.
quarta-feira, 6 de janeiro de 2010
Sem
Agarrar nisto tudo.
Agarrar nisto tudo daqui pra fora
Para que me vejam,
para que me leiam
quero ser lido
quero ser odiado
palavras pequenas em livros grandes
que estou farto de palavras grandes
em palcos pequenos
por minusculas que sejam as minhas palavras
por pequeno que seja eu num universo literario
sou eu
e eu
escrevo!
Agarrar nisto tudo daqui pra fora
Para que me vejam,
para que me leiam
quero ser lido
quero ser odiado
palavras pequenas em livros grandes
que estou farto de palavras grandes
em palcos pequenos
por minusculas que sejam as minhas palavras
por pequeno que seja eu num universo literario
sou eu
e eu
escrevo!
segunda-feira, 4 de janeiro de 2010
Criar
um som tão claro
como a fala seca
das folhas castanhas
que caem douradas
uma dança tão límpida
como o primeiro ondular
das papoilas de Abril
uma imagem tão transparente
como o sol
a incediar o mar
no final da praia
um filme tão puro
como a neve derretida
escorre atentamente
de uma caleira enferrujada
criar a beleza de um mundo inteiro
num só sopro abafado dos meus dedos
contra as letras.
como a fala seca
das folhas castanhas
que caem douradas
uma dança tão límpida
como o primeiro ondular
das papoilas de Abril
uma imagem tão transparente
como o sol
a incediar o mar
no final da praia
um filme tão puro
como a neve derretida
escorre atentamente
de uma caleira enferrujada
criar a beleza de um mundo inteiro
num só sopro abafado dos meus dedos
contra as letras.
domingo, 3 de janeiro de 2010
Silente
sacudo o sono permanente
daqui pra frente
tudo diferente
sonho
de encontro a um tempo
medonho
espero-me e desespero-me
um novo ano
um novo começo
uma nova vida
tudo velho
sonho velho
mas sonho de novo
Amanhã tudo novo,
amanhã,
sempre amanhã.
daqui pra frente
tudo diferente
sonho
de encontro a um tempo
medonho
espero-me e desespero-me
um novo ano
um novo começo
uma nova vida
tudo velho
sonho velho
mas sonho de novo
Amanhã tudo novo,
amanhã,
sempre amanhã.
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