quinta-feira, 22 de julho de 2010

AICAI XXXI

esquece-te só
das teias de aranha
que pairam em mim

quarta-feira, 21 de julho de 2010

AICAI XXX

a água corre
em saltos enormes de
absoluta fé

quarta-feira, 14 de julho de 2010

AICAI XXIX

por um momento
a gota que escorre
é um pássaro

insónia

o inevitável e esbatido tecto
a abrasar-me todo o quarto
esforço-me e fecho os olhos
canso-me e abro os olhos

rodo, rebolo, enervo-me
tenho que adormecer
tenho que amanhecer
respiro, expiro, transpiro

tudo, tudo e mais alguma coisa
nada do que penso é sono
sonhos concretos e planos aéreos
que impendem o natural
sono sonhado.

a luz vem já de caminho
o mundo acorda daqui a nada
durmo só um bocadinho
respiro devagarinho

faço a respiração adormecer
deixo os membros entorpecer
seco os ouvidos de ruido
e fico a só comigo
terrivel companhia de mim
que não se cala
e não me deixa dormir

pesados deambulares
estranhos acompanhantes
pormenores insignificantes

acorda, já é tarde
a bexiga está cheia
a cabeça rebenta
o dia já vai a meio.

terça-feira, 13 de julho de 2010

absoluto

encontra-te comigo
na palma da mão
da ponte vermelha
que nos faz dois

sorrio-me contigo
no sonho etéreo
da fome cinzenta
que clama inépcia

escondo-me só
no ventre abafado
que apaga o fim

escondo-te sempre
no olhar absoluto
que é parte de mim