naquele som quadrado das unhas no tampo da mesa
sai de mim talvez o enfado infinito das palavras
o cantar quase rouco mas só monocórdico de mim
extrai-o os dizeres de seus sentidos, os significados
dos seus lugares e caminhos. Desfaço-os no pó espesso
que faz toda a poeira poética. Invento e invento-me
invento fiel e pobre de luz. Desconstruo a luz e viro
o vento. Sou senhor e deus menor do piano imaginário.
Descasco um limão em cascas pequeninas
separo os gomos em pedaços imaculados
espremo as gotas uma a uma
e faço do limão, poesia.
domingo, 28 de fevereiro de 2010
sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010
quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010
segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010
Beija-flor
Caminhando na escuridão de um tempo pequeno
uma cor demasiado calculada para dar vida
Semear no caminho flores de peito feito
e pássaros claros como Maio de antigamente
Cantar uma pequena lagoa de sal em
mil e uma cantigas de guitarras aceleradas
Respirar lentamente no silencio vazio
que se esquece das palavras por poder
que se despoja do calor ameno da voz
pela brisa fresca do sussurro adormecido
Caminhar na escuridão de um tempo pequeno
esfregando as mãos de um tempo grande
grande com a felicidade melancólica
de um pequeno pássaro
que beija voando
esbracejando
o tempo
uma cor demasiado calculada para dar vida
Semear no caminho flores de peito feito
e pássaros claros como Maio de antigamente
Cantar uma pequena lagoa de sal em
mil e uma cantigas de guitarras aceleradas
Respirar lentamente no silencio vazio
que se esquece das palavras por poder
que se despoja do calor ameno da voz
pela brisa fresca do sussurro adormecido
Caminhar na escuridão de um tempo pequeno
esfregando as mãos de um tempo grande
grande com a felicidade melancólica
de um pequeno pássaro
que beija voando
esbracejando
o tempo
terça-feira, 16 de fevereiro de 2010
segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010
domingo, 7 de fevereiro de 2010
AICAI V
Desta lua cai
toda a luz perfeita
para te sorrir
*para que talvez ainda não saiba: Haikai (em japonês: 俳句, plural Haiku ) é uma forma poética de origem japonesa, que valoriza a concisão e a objectividade. Os poemas têm três linhas, contendo na primeira e na última cinco caracteres japoneses (isto é, sílabas), e sete caracteres na segunda linha. Em japonês, haiku são tradicionalmente impressos numa única linha vertical, enquanto haiku em Língua Portuguesa geralmente aparecem em três linhas, em paralelo
toda a luz perfeita
para te sorrir
*para que talvez ainda não saiba: Haikai (em japonês: 俳句, plural Haiku ) é uma forma poética de origem japonesa, que valoriza a concisão e a objectividade. Os poemas têm três linhas, contendo na primeira e na última cinco caracteres japoneses (isto é, sílabas), e sete caracteres na segunda linha. Em japonês, haiku são tradicionalmente impressos numa única linha vertical, enquanto haiku em Língua Portuguesa geralmente aparecem em três linhas, em paralelo
quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010
Época
A água escorre lentamente
num silvo grave e astuto
procuro algo menor com que me
preocupar, menos cabeça
orelhas, braços, pescoço, peito
costas, umbigo, escuro, quente
o vapor sobe e desce
fazendo-me dono do nevoeiro
morna, a água pára.
Abrir os olhos, secar o cabelo
entrar na camisola,
cair dentro das calças
desço,desço-me, respiro
o sol pelos olhos entupidos
café, café, chocolate,café
estômago vazio de sempre
a mão a escrever sempre
os olhos entupidos de sono
corpo entorpecido de calor
doi-me a cabeça, doem-me
mil cabeças, mil pensamentos
doem-me as orelhas de ouvir
doem-me os ouvidos de ler
conversas pequenas e atarracadas
sair, comer, para não comer
desesperar, arejar, fazer
fotossíntese.
Adormeço outra vez
em frente ao papel
adormecem-me os dedos
escrevo, rabisco, calculo
entro, ligo, distraio-me
olho, olho para tudo
não vejo nada, não vejo
ninguém
caminho, sozinho, desço-me
ao poço, num balde de madeira
queimo a corda e o balde
deito-me no fundo
noite adentro
afago-me, afasto-me,
afogo-me,
durmo,
até
num silvo grave e astuto
procuro algo menor com que me
preocupar, menos cabeça
orelhas, braços, pescoço, peito
costas, umbigo, escuro, quente
o vapor sobe e desce
fazendo-me dono do nevoeiro
morna, a água pára.
Abrir os olhos, secar o cabelo
entrar na camisola,
cair dentro das calças
desço,desço-me, respiro
o sol pelos olhos entupidos
café, café, chocolate,café
estômago vazio de sempre
a mão a escrever sempre
os olhos entupidos de sono
corpo entorpecido de calor
doi-me a cabeça, doem-me
mil cabeças, mil pensamentos
doem-me as orelhas de ouvir
doem-me os ouvidos de ler
conversas pequenas e atarracadas
sair, comer, para não comer
desesperar, arejar, fazer
fotossíntese.
Adormeço outra vez
em frente ao papel
adormecem-me os dedos
escrevo, rabisco, calculo
entro, ligo, distraio-me
olho, olho para tudo
não vejo nada, não vejo
ninguém
caminho, sozinho, desço-me
ao poço, num balde de madeira
queimo a corda e o balde
deito-me no fundo
noite adentro
afago-me, afasto-me,
afogo-me,
durmo,
até
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