quarta-feira, 24 de junho de 2009

Sardinhas de saudade

De costas voltadas á cidade
lembro-me dos anos passados
deixo cair em mim a saudade
sorrio ainda de olhos molhados

Flutua no vento a efemeridade
amontoam-se no chão voos falhados
ouve-se ao longe a voz da amizade
choro ainda de lábios esticados

Pesa-me nos ombros ainda a idade
que me agarra de dedos cravados
e deixa no ar o cheiro da verdade

Vejo-vos agora de olhos fechados
espero paciente a nova claridade
e o calor de um verão de dias ousados

terça-feira, 16 de junho de 2009

Rua da Inquietude

Quieto, inquieto-me
volvo ao sal
e ao negro de dias passados
o presente sabe-se mal,
a dias envenenados

falta talvez hoje
para que chegue amanha
para que chegue de hoje
e possa ser amanhã

Inquieto, acalmo-me
de choro na mão
as pestanas molhadas de mais
no peito ainda pesa o sal
e o olhar queda-se igual

falta talvez o calor
para que chegue a calma
para que chegue de ardor
que já me sufoca a alma