Ontem quis ser pintor, actor
quis deixar as palavras de lado
ser realizador, cantor, performer
não precisar de parágrafos nem pontos
pousar as palavras na secretária
e escrever com tintas ou filmes ou notas
mas o que são notas se não palavras
o que é a vida se não uma palavra
gigante
e por isso guardo nos dedos
o gosto de novo de ser palavras
de cantar, filmar, representar
palavras de mim
fazer delas notas, planos, cores
e fazer de mim todos esses escritores.
3 comentários:
Há um je ne sais quoi neste poema que me faz sorrir.
não posso deixar de reparar no título e pensar - como ser outro?, se já és esses todos?!
isto é bonito. às vezes queremos ser tudo. queremos ser outra coisa qualquer. fazer outra coisa qualquer. queremos ser tudo menos o que somos hoje. mal sabemos nós que já estamos a ser o melhor do dia de amanhã. :)
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