eixaste-te partir num comboio
e eu não sei do teu sorriso
ainda ontem o teu peito
sonhava o mesmo sonho
tão negro e solitário
Deixas as palavras guardadas
num livro, numa arca fechada
e o calor do teu olhar quente
foge e eu gelo-me para sempre
num poço negro e solitário
Os meus olhos são poços fundos
os meus olhos são globos imundos
os meus olhos secam-se e choram
os meus olhos ficam negros e coram
num sono negro e solitário
Ainda não acordei da manhã
de inverno que se instalou
ainda não soube olhar
sem a lágrima toldar-me a vista
sem o amor negro e solitário
Deixa-te ficar na inércia do sentir
deixa-te sonhar no sono sem sonho
deixa-te cair na almofada dura e seca
deixa-te usar como instrumento sem uso
tu que sou eu, negro e solitário.
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