quinta-feira, 26 de abril de 2007

Ar-te

Ler-te, Sorrir-te, Falar-te, Gostar-te,
Ver-te, Ansiar-te, Conhecer-te, Gostar-te
Acompanhar-te, Acarinhar-te, Gostar-te
Sufocar-te, Perder-te, ainda assim Gostar-te
Encontrar-te, Olhar-te, Beijar-te, Gostar-te
Respirar-te, Morar-te, Ser-te, Gostar-te
Amar-te, Amar-te.

quarta-feira, 18 de abril de 2007

Coro Fúnebre

Há uma espécie de jardim
com mármores esculpidas
no chão cresce uma erva ruim
as árvores todas torcidas
E do portão não se vê o fim
As estátuas parecem perdidas
Com os pés cercados de alecrim
As suas caras tão sofridas
parecem fazer um motim
As campas parecem cuspidas
directamente do infernal festim
Destoa um anjo de asas estendidas
Suas vestes parecem cetim
Aos pés crescem-lhe margaridas
E sete flores carmim
As suas mãos bem polidas
Seguram bem alto um clarim
À sua volta as jazidas
parecem cantar assim:

"Vinde até à vossa morte
desisti de toda a sorte
Atirem-se no buraco do mundo
Que vos enterram num segundo"

sexta-feira, 13 de abril de 2007

Aconteço-te 7 Vezes

Encontrar-te assim minha
como se eu te moldasse
Seres o que queria e não tinha
ver tudo o que desejo na tua face

Trazeres no peito o meu sabor
Fazeres do meu o teu olhar
Sorrires sempre o meu amor
Pores no teu céu o meu luar

Encontrar-te assim em mim
como se encontra um gosto
descobrir-te no meu fim
reconhecer-te no meu rosto

Falar-te com a voz do meu peito
Explicar-te uma vida em momentos
Mostrar-te como sou imperfeito
Sem receio de julgamentos

Nunca largo da memória
A noite em que me abriste a porta
Em que a tua paixão foi notória
Em que me julguei gaivota

E ainda hoje te guardo
Aquele primeiro beijo
denunciador do nosso fado
prenunciador do nosso desfecho

Fazemo-nos assim por inteiro
Construimo-nos sem medo
Damos passos sem pensar no primeiro
Brilhamos o amor do segredo

quarta-feira, 11 de abril de 2007

Sobre Voar-te

No manto branco que te cobre o corpo
Desenho flores e corações com beijos
A minha felicidade corre num sopro
E nos meus olhos brilham desejos

O vento que te sopra o rosto e a fonte sombria
Espalha-te o frio por toda a tua pele quente
Enche-te os braços de pontilhados e arrepia
Traz os meus dedos de volta ao teu presente

O sol aquece-te então com o meu calor
Rebenta-te o sorriso como numa flor
Trabalha-te o peito com o meu amor

Rebola pelas costas uma fina gota de suor
Enchem-se as mãos de um fingido pudor
E num inteiro abraço se amarra o torpor