quarta-feira, 18 de abril de 2007

Coro Fúnebre

Há uma espécie de jardim
com mármores esculpidas
no chão cresce uma erva ruim
as árvores todas torcidas
E do portão não se vê o fim
As estátuas parecem perdidas
Com os pés cercados de alecrim
As suas caras tão sofridas
parecem fazer um motim
As campas parecem cuspidas
directamente do infernal festim
Destoa um anjo de asas estendidas
Suas vestes parecem cetim
Aos pés crescem-lhe margaridas
E sete flores carmim
As suas mãos bem polidas
Seguram bem alto um clarim
À sua volta as jazidas
parecem cantar assim:

"Vinde até à vossa morte
desisti de toda a sorte
Atirem-se no buraco do mundo
Que vos enterram num segundo"

2 comentários:

Flash disse...

No jardim a que te referes não é importante o material que o reveste mas sim aquilo que ele encerra.

Para lá da pedra moram amores e emoções inesqueciveis e irrepetiveis. Os anjos sofrem pois as suas mãos são polidas pelas saudades que sentimos de quem nunca deixaremos de amar.

Deixa as estátuas errarem perdidas pelo solo desolado pois elas não descobriram ainda que procuram por cá por baixo o que já cá não mora senão dentro de corações apertados mas cheios de energia positiva.

Abraço!

styska disse...

fico tão feliz por teres feito este blog! por teres começado com a poesia... leio isto e acho inacreditável... foste tu? sim, sei que foste tu mas não deixa de ser estranho ver-te tão grande, apesar de já o saber cá dentro!
:)*