Cartas do meu fundo
amontoam-se no mundo
As velas que em mim ardem
são os olhos de quem perdi
Fumo revolta-se
o céu aclara-se
a fé que me deixaram
cai na terra com a dor
Ouço um dia
cheiro a tarde
perdi-me da cor que guia
já não sinto estrada
Tudo é escuro
e sem sentido
o chão duro
e partido
o suor puro
escorrido
queima o futuro
já ardido
E o vento sobe
chove
a lua chora
e cai
o ceu triste e negro
deixa no chão
a vida imensa